quarta-feira, 4 de maio de 2011

É possível pensar a escola como um lugar de formação humana que tenha o movimento como princípio educativo?


                                                                       Fonte: Banco de Imagens
                                                           
       
  Movimentos sociais são uma constante no mundo pela disputa de poder entre grupos políticos. Estamos ás voltas com a situação de conflitos e intensos ataques terroristas entre os países do Oriente Médio, onde a Líbia encontra-se no centro do conflito pela liderança se Muammar Kadhaf, no poder desde 1969. Assistimos também a renuncia do presidente do Egito Hosni Muharak, no poder há 30 anos, por protestos, manifestações populares e conflitos que se espalharam por todo país e pelo mundo pedindo a renúncia do presidente. Todo esse movimento foi marcado por vários países do Oriente Médio como Jordânia, Argélia, Síria, Arábia Saudita, Sudão, Marrocos e outros, inclusive a Líbia.

Na época da escravidão as pessoas acreditavam que os escravos eram seres inferiores por natureza (como dizia Aristóteles), ou pela vontade divina (como diziam muitos na América Colonial). Elas não se sentiam eticamente questionadas diante da injustiça cometida contra os escravos. Isso porque o termo “injustiça” já é fruto de juízo ético de alguém que percebe que a realidade não é o que deveria ser. Época essa, em que houve grandes manifestações de abolicionistas que lutavam pela liberdade dos escravos.

A verdade é que seja qual for a época em que o sujeito viva, existem movimentos e protestos que muitas vezes acabam em sérios conflitos que geram violência por pare das autoridades contra a resistência dos que sofrem represálias por lutarem pelos seus ideais.

As camadas sociais que suscitam movimentos de luta por suas ideologias, muitas vezes em busca de justiça e igualdade social. Mas se faz necessário, porém, um fundamento balizador para essas lutas a partir de princípios educativos pelos quais o sujeito irá planejar e orientar  sua luta.

Analisando por esse lado, podemos conceber, sim, a escola como um lugar de formação humana que tenha o movimento como princípio educativo, sendo a educação uma forma de orientar o sujeito nos vários segmentos que envolvem questões sócias, quer pelo estudo de movimentos marcados pela história e diferentes culturas, quer por novos acontecimentos que geram temáticas dentro do trabalho escolar, sendo inseridas no currículo das disciplinas em discussão do planejamento escolar, como proposta de objeto do conhecimento.

Costuma-se dizer que a vida na cidade oferece muitos recursos. Daí a vinda de pessoas das zonas rurais e de regiões de secas e miséria, para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida, na esperança de emprego, salário garantido e moradia. Mas sabemos que muitas vezes, ao aqui chegar, acabam não encontrando o que buscam. Ao contrário, acabam enfrentando sérios problemas como desemprego, fome, falta de moradia, violência, etc...

Problemas esses gerados por uma sociedade capitalista onde impera s desigualdade social, que determina subjetivamente o lugar e papel do indivíduo pelas suas posses. Diante deste pensamento, uma minoria se posiciona em um patamar privilegiado, detentora de riquezas geradas pelo suor e esforço do trabalho de uma grande massa da população.

Dentre esses sérios problemas, a falta de moradia é um fator que tem desencadeado intensos conflitos entre os MST-grupo de pessoas que não possuem terra e acabam por ser tidas como excludentes da sociedade pela forma com que busca possuir um espaço de terra, pertencente ao Governo ou a uma pequena parcela de pessoas, pela invasão - com autoridades governamentais e militares, gerando violência e muitas vezes, até morte.

Inegavelmente o grupo dos MST luta pelo direito à moradia, por ter um pedaço de terra por igualdade social e melhores condições de vida, por uma divisão mais justa do capital do país.

Essa situação se dá pela concepção político-econômica e social que ditam o comportamento da sociedade, determinando as diferenças das classes sociais. Também se dá pela posição do governo no segmento educacional, delimitando a escola como espaço do saber e da cultura social do cidadão. A política governamental para a educação tende a desfavorecer o processo educacional, desmotivando o professor e o aluno por suas medidas que vão contra uma educação de qualidade com vistas em uma melhor formação e melhor remuneração do professorado.

Com essa insatisfação no modelo educacional, tende a gerar a evasão do sujeito das escolas, uma vez que tais medidas aumentam ainda mais as diferenças sociais, pois o cidadão que não adquire conhecimento, não se coloca de forma crítica e questionadora, não consegue um lugar melhor, nem tão pouco um bom trabalho com boa remuneração na sociedade.

È também importante reconhecer que a idéia de cidadania não pode ser separada dos espaços nos quais a cidadania se fomenta e se desenvolve. Isto sugere que qualquer luta por uma noção significativa e globalizada de cidadania, que encoraje o debate e a responsabilidade social, deve fomentar e desenvolver as esferas públicas, tais como escolas, os meios de comunicação social e outras instituições nas quais se possam desenvolver pedagogias críticas cívicas”. Henry Giroux

Não há duvidas de que, em virtude dessas situações, há uma grande necessidade de manifestações do sujeito diante de tão grande desigualdade e injustiça social. Contudo, tais manifestações devem ser direcionadas pelo princípio educativo da escola, a partir de esclarecimentos e conhecimentos adquiridos sobre a história e cultura da sociedade, sobre a situação política e econômica do país, sobre as diferenças sociais, sobre os ditames do Governo sobre os vários segmentos da sociedade e principalmente sobre o papel da escola e do professor no sistema educacional.

Concluímos então, que, não só é possível pensar a escola como um lugar de formação humana  que tenha o movimento como princípio educativo, como é preciso que esse processo de informação, conscientização sobre aspectos sociais tão importantes sejam esclarecidos, analisados e questionados no espaço escolar, como parte da formação do sujeito crítico,  autônomo e participativo socialmente. É preciso haver educação para o exercício da cidadania.  

 
Referências Bibliográficas:

Vesentini, José Willian. A nova ordem mundial – série Geografia hoje. Editora Ática,1995.
Nadai, Ela, Neves,Joana. História do Brasil 2 – Brasil Independente, 1º grau .Editora Saraiva, 4ª edição – 1987.
Viana, Maria. Conhecimentos Específicos – Apostila lógica.
Alves, Maria Leila. A escola como uma instituição socializadora de cultura. UMESP.
Caldart, Roseli Salete. O MST e a formação dos Sem Terra: o movimento social como princípio educativo.
Alves, Maria Leila. Planejamento, construção, acompanhamento e avaliação II, para o Módulo: “Planejamento participativo e os processos pedagógicos na escola” – Guia de estudos da Metodista EAD, 1º semestre 2011 – 3ª edição.



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